Escanear íris? Quem está por trás da empresa que paga por isso?

Imagem representa Escanear Íris. É um olho sendo escaneado.

Quem está por trás da empresa que paga para escanear íris em São Paulo?

O processo de escanear íris está chamando atenção em São Paulo, especialmente devido à proposta de pagamento em criptomoeda para quem aceita participar. A prática, liderada pelo projeto World, remunera os participantes com cerca de 48 Worldcoin, um criptoativo conversível em reais. Mas quem está por trás desse movimento e quais os reais objetivos da iniciativa? Este texto explica tudo sobre o projeto e seus responsáveis.

O objetivo de escanear íris

O projeto World tem como propósito principal fornecer um método seguro de verificação de humanidade, garantindo que as interações sejam realizadas por pessoas reais, e não robôs. A justificativa é que a íris humana, assim como a impressão digital, é única, tornando-se um dado confiável para este tipo de identificação. Após o escaneamento, o indivíduo recebe um World ID, um código digital que serve como prova de identidade.

Quem são os responsáveis pelo projeto?

O escaneamento de íris é parte de uma iniciativa desenvolvida pela World, que conta com o suporte da Fundação World e da Tools for Humanity (TFH). A seguir, entenda mais sobre essas organizações:

Fundação World

A Fundação World, uma organização sem fins lucrativos sediada nas Ilhas Cayman, é responsável por administrar o projeto World. Embora não tenha membros, proprietários ou acionistas, a fundação é gerida por um conselho com quatro diretores.

Tools for Humanity (TFH)

A TFH é uma empresa de tecnologia global que desempenhou um papel crucial no desenvolvimento do projeto World e também gerencia o aplicativo World App. Apesar de colaborar com o projeto, a TFH opera de forma independente da Fundação World, atuando como prestadora de serviços. A empresa possui sede em São Francisco, nos Estados Unidos, e uma subsidiária na Baviera, Alemanha.

Líderes por trás do projeto de escanear íris

Sam Altman

Sam Altman é uma das figuras mais conhecidas associadas ao projeto. Presidente da Tools for Humanity e CEO da OpenAI, Altman ganhou notoriedade por liderar o desenvolvimento de tecnologias avançadas, como o ChatGPT. Formado em Ciência da Computação pela Universidade de Stanford, ele começou sua carreira empreendedora aos 19 anos, criando a Loopt, vendida posteriormente por US$ 43,4 milhões.

Sua experiência no Vale do Silício inclui a presidência do Y Combinator, onde acelerou startups de sucesso como Airbnb, Twitch e Zoom. Embora tenha enfrentado polêmicas, como sua demissão temporária da OpenAI em 2023, Altman permanece uma figura influente no setor de tecnologia.

Sam Altman - CEO da OpenAI
Sam Altman – CEO da OpenAI

Alex Blania

Alex Blania, CEO da Tools for Humanity, é outro nome de destaque. Alemão de origem, ele possui formação em Física e Engenharia Industrial pela Universidade de Erlangen-Nuremberg. Durante seu mestrado, estudou inteligência artificial no Instituto Max Planck e no Instituto de Informação e Matéria Quântica da Cal Tech. Blania abandonou a pesquisa acadêmica para se dedicar ao projeto World, incluindo o desenvolvimento do criptoativo Worldcoin.

Alex Blania - desenvolvedor do criptoativo Worldcoin.
Alex Blania – desenvolvedor do criptoativo Worldcoin.

Como funciona o pagamento com Worldcoin?

O incentivo financeiro para participar do escaneamento de íris vem na forma de Worldcoin, uma criptomoeda desenvolvida pelo próprio projeto World. Cada participante recebe cerca de 48 Worldcoin, que podem ser convertidos em reais ou utilizados em transações digitais. Essa estratégia visa atrair um grande número de pessoas para aderirem ao sistema de identificação.

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Controvérsias e investigações no Brasil sobre Escanear íris

A iniciativa não passou despercebida pelas autoridades brasileiras. A ANPD (Autoridade Nacional de Proteção de Dados), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, iniciou um processo de fiscalização para investigar o tratamento de dados biométricos no contexto do projeto. Entre os pontos questionados estão a transparência e o contexto em que os dados são coletados e utilizados.

A ANPD destaca que dados biométricos, como a íris, são informações sensíveis e requerem cautela ao serem compartilhados. Em resposta, a Tools for Humanity afirmou que as imagens das íris não são armazenadas; apenas o World ID é gerado, e as imagens são imediatamente excluídas.

Considerações finais

O projeto World, apesar de sua proposta inovadora no campo da verificação de humanidade, suscita importantes reflexões éticas e legais que não podem ser negligenciadas. A participação de figuras de destaque no cenário tecnológico, como Sam Altman e Alex Blania, aliada ao apoio de organizações globais como a TFH, confere credibilidade e peso à iniciativa. No entanto, a complexidade e a sensibilidade envolvidas no manuseio de dados pessoais exigem uma abordagem cautelosa e responsável.

A implementação de tecnologias que lidam com informações sensíveis demanda transparência, robustez na proteção de dados e um claro alinhamento com as regulamentações vigentes. Além disso, é fundamental que os benefícios trazidos por essa inovação sejam equilibrados com a preservação dos direitos individuais e da privacidade dos usuários.

Em um cenário onde a tecnologia avança rapidamente, projetos como o World devem ser acompanhados de perto por debates públicos, revisões éticas e frameworks legais que garantam sua aplicação de forma segura e justa. A adesão a iniciativas dessa natureza deve ser pautada por uma análise criteriosa, visando não apenas o progresso tecnológico, mas também a proteção e o respeito aos indivíduos.

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